PERDA DO TERRITÓRIO PESQUEIRO NA BAÍA DE GUANABARA

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Pescador artesanal da Ilha Conceição está abandonando a profissão devido perda do território para empresas dos setores de óleo e gás e naval

As estatísticas do Instituto de Geografia e Estatística (IBGE) evidenciam o desprezo do poder público à atividade da pesca artesanal. Segundo o órgão, o número de pescadores localizados na região metropolitana do Rio de Janeiro em 1991 era de 4.774 trabalhadores, enquanto em 2010 contavam-se apenas 1.771, ou seja, uma redução de cerca de 62%. É necessário que politicas púbicas atuem com mais eficácia nesse espaço, afinal o pescador artesanal já perdeu cerca de 50%  da Baia de Guanabara para área de exclusão, hoje restam por volta de 9 mil famílias que ainda depende desta atividade para sobrevivência.   

A área da Ilha da Conceição está com sua área costeira totalmente ocupada por empresas que prestam serviços para a indústria do petróleo. São empresas de logística e transporte marítimo, manutenção de navios, estaleiros e outras atividades relacionadas à cadeia do petróleo e gás que estão ocupando áreas onde tradicionalmente os pescadores artesanais exercem suas atividades. A partir da perda do território de pesca, esses trabalhadores têm relatado dificuldades ao atracar suas embarcações. Devido esse aumento de custos, muitos acabam migrando para outras áreas de ocupação.

 

Entrada do Cais do Chatão cercada por navios

Área do pescador cercada por estaleiros

O pescador perdendo seu território

Além desse impacto no território, outras atividades contribuem para o agravamento do caso. O próprio percurso das barcas do trajeto Rio-Niterói são um empecilho à pesca. Em algumas áreas próximas a dutos, não é proibido pescar. Mas, como eles interferem na temperatura da água, os peixes se afastam da região. Além do assoreamento em áreas da Baía, os lixos, as carcaças de navios abandonadas. Tudo isso vai minando a atividade e reduzindo o espaço dos pescadores que já ocupavam essa área.

Apesar desse caos, os pescadores artesanais persistem e resistem a essas pressões de manter a tradição da pesca artesanal.